segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Arte/Palavra: Ana Luíza Lacerda

E dando continuidade aos relatos dos participantes da disciplina ministrada conjugadamente com o Projeto Pirandello Contemporâneo, temos aqui toda a experiência vivida e absorvida pela aluna do curso de Produção Cultural, Ana Luíza Farias de Lacerda.

       Começo meu relatório com uma explicação de Patrice Pavis, que se encontra no texto Teatralidade Contemporânea, de Silvia Fernandes: “[...] o texto cênico é fruto da composição de vários códigos que o encenador mobiliza na estruturação de uma gigantesca partitura, em que espaço, ator, texto verbal, música e demais matérias teatrais traçam figuras, ritmos, organizações formais, cadeias de motivos e atitudes, quadros estáticos e em movimento, mutações de situação e de ritmo, na organização de um discurso teatral de múltiplos enunciadores.” (p.116). A primeira parte da construção da peça “Seis personagens à procura de um autor”, de Luigi Pirandello, foi deixar os atores livres para escolher trechos da peça, objetos, seus parceiros – ou faziam individualmente –, a música e faziam suas partituras, sendo esta feita a partir do sentimento que a pessoa teve com aquele trecho escolhido. No projeto, foi estudado o teatro contemporâneo, que é a partir do físico interpretar uma peça conforme seus sentimentos, suas ações verdadeiras, usando o seu corpo. Os encenadores colocaram “à prova seus limites.” (FERNANDES, p. 122). Em seguida, todas essas partituras eram agrupadas, formando uma grande partitura.
       Os objetos cênicos escolhidos para a partitura “não têm por função dramatúrgica e cênica simbolizar, mas simplesmente estar presente e produzir situações de linguagem [...]” (p. 122). 
       A peça não segue uma sequência lógica. Não é nos formatos tradicionais, seguindo o estilo palco e plateia. Há interação entre ator e público. Para quem está fora, aqueles que não estudaram o assunto, a compreensão é muito difícil. No meu primeiro dia de aula, fui questionada sobre o que achei. Preferi me omitir, pois desconhecia esse estilo de teatro. Eu, particularmente, levei um bom tempo para me acostumar com esse modelo de peça. Após muitas discussões com a Anatália (Catu), consegui entender, um pouco, o que é teatro físico.
       Pude notar, no decorrer das aulas, dos ensaios e até mesmo das apresentações, que, apesar da peça ter uma história, ter uma sequência, os movimentos, o tom da voz e o jeito de se expressar variavam conforme o ator e o público. Muitas vezes não prestei tanta atenção na peça em si e me foquei mais na reação do público, nas expressões faciais que faziam durante toda a apresentação. Pude perceber que se o público fica apático, não troca energia com os atores, a peça caminhava de um jeito; por outro lado, se o público troca essa energia, se envolve, a peça ia de outro jeito. Após a peça, eu focava minha atenção no que o público falava. Geralmente, eles não me viam por perto ao fazer comentários e críticas sobre o que acabaram de assistir. Comentários como “eu gostei, mas não entendi nada” e “eu não gosto desse tipo de peça” foram os mais ouvidos. O público não ficava “em cima do muro”, ou eles gostavam ou odiavam.
       A peça prende a atenção, ainda mais que são muitas ações acontecendo ao mesmo tempo. A vontade de observar cada detalhe de todas as ações era enorme. Em vários momentos, durante as apresentações, me vi entretida à peça, esquecendo-me do meu trabalho.
       Meu aprendizado foi, inicialmente, um aprendizado passivo. Apenas observava. Mas, a partir de certo momento, ele deixou de ser passivo e virou ativo. Não me envolvi atuando, mas participar da produção me fez envolver com a peça, também. A observação tinha que ser mais detalhada para saber o exato momento de, no meu caso, soltar a música. Cada peça era um novo desafio. Como disse, uma foi diferente da outra, então era preciso muita atenção. A música levava a peça, levava o corpo dos atores. (O Rodrigo me ajudou muito, ainda mais nas apresentações que, por causa do público, a minha visão foi bastante dificultada).
       Aprendi, principalmente, que é preciso ter um bom entrosamento, em todos os “setores” da peça. O ator sozinho não faz a peça andar, mas se todos se ajudarem, se estiverem na mesma sintonia, as coisas acontecem; o diretor sozinho também não faz a peça; e, a produção, muito menos. 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Arte/Palavra: Juliana Sodré

O Blog Maschere Nude, através do Projeto de Extensão e Pesquisa Pirandello Contemporâneo, traz agora uma série de estudos sobre o teatro contemporâneo, realizados por estudantes da disciplina Interlocuções em Arte/Palavra do curso de Artes, UFF, ministrada pela diretoda e professora Martha Ribeiro

Os estudos foram feitos ao longo do último semestre da UFF, em que os alunos inscritos na disciplina acompanharam o processo dos performers do projeto de extensão, enquanto montávamos nossa primeira performance, "Os Seis Visitam o Solar: Performance Estudo I". Nesse primeiro estudo, é a Juliana Sodré quem relata um pouco a sua experiência e observação sobre o projeto e debate um pouco sobre o teatro pós-dramático.


"Como estudante do curso de Artes, tive a oportunidade, através da disciplina Arte/Palavra, de acompanhar o processo de criação, construção, investigação e elaboração cênica, proposto pela professora Martha Ribeiro, durante a primeira parte do projeto Pirandello. Processo este, elaborado de forma extremamente contemporânea, onde uma linguagem cênica é criada de forma experimental, explorando através de exercícios, o potencial, a linguagem corporal, sentimental, impulsiva, e intuitiva de cada ator, para à partir daí começarem a criar partituras que iriam compor todo o espetáculo.

As leituras complementares que nos foram oferecidas fizeram com que eu me envolvesse mais e pudesse entender melhor como funciona esse processo de construção cênica, como que essa “nova teatralogia que se esforça por ser multidisciplinar e experimental ao mesmo tempo” (De Marinis, 1988) É extremamente rica de possibilidades e envolvimento.

Esse processo de observação, que não é apenas passiva, mas em alguns momentos  torna-se também uma observação atuante, fez despertar em mim um interesse nessa área de atuação teatral onde teoria e pratica caminham juntas, onde uma complementa e contribui com a outra.

Segundo De Marinis “Não existe um único tipo de experiência e compreensão do teatro, existem vários...” De Marinis questiona “É possível compreender uma técnica teatral e em particular a técnica do ator, sem exercê-la diretamente, sem ter de alguma maneira uma experiência ativa?” “Não se pode ser um bom historiador, ou teórico de teatro sem ter, ou haver tido, também uma experiência técnica (artesanal) desta arte.” Aqui entendo técnica (artesanal) como prática. Acho interessante transcrever aqui essas citações para traduzir melhor meu pensamento de teoria e prática caminhando juntas. Pois se se fica apenas na teoria, ou apenas na pratica, nesses casos a compreensão vai apenas até certo ponto, não se pode aprofundar num processo, tanto teórico quanto prático, sem conhecê-lo por completo, sem vivenciar, experimentar, sentir cada sentimento, cada possibilidade em sua plenitude, ao extremo, inteiro, presente.

Essas palavras que acabei de escrever, remeteram-me ao processo de criação das partituras do Projeto Pirandello. Onde propondo uma imersão no universo do texto, “OS SEIS PERSONAGENS EM BUSCA DE UM AUTOR” no caso, o universo do bordel, do incesto, de uma família fragmentada, os atores iam entrando em contato com os conteúdos que desses universos emergiam, e começava-se a criar uma relação entre os atores, e a riqueza do trabalho começava a surgir a partir das diferentes experiências de cada ator, a diferença dos corpos, dos movimentos de cada corpo em particular, dos desejos e dos sentimentos que afloravam, um olhar, um tempo de espera, um som, um gesto sutil, um gesto agressivo, o silêncio...

“O que acontecerá quando a realidade em si mesma já “dessemantizada” do corpo na dor e no prazer for eleita como tema do teatro? É justamente isso que ocorre no teatro pós-dramático. Ele faz do próprio corpo e do processo de sua observação um objeto estético teatral. É menos como significante do que como provocação que esse objeto vem à tona. Foi necessária a emancipação do teatro como uma dimensão própria da arte para se compreender o corpo, sem prolongar uma existência como significante, pode ser agente provocador de uma experiência livre de sentidos que não consiste na atualização de um real e de um significado, mas é experiência do potencial. O processo pós-dramático se dá no corpo e não mais entre os corpos. O corpo pós- dramático estabelece a imagem de sua agonia. Isso interdita toda representação ou interpretação placidamente apoiada no corpo como mero intermediário. O ator precisa se colocar. “é a decomposição do homem que se dá sobre o palco”. (Hans-Thies Lehmann). Para complementar, Valère Novarina afirma: “O ator não é um intérprete porque o corpo não é um instrumento.”

O que pude perceber e observar durante o processo de criação do Projeto Pirandello e traçar um paralelo com o estudo da teatralidade contemporânea, essa nova teatralidade que permite a fusão de varias possibilidades, segundo Pavis: “o texto cênico é fruto da composição de vários códigos que o encenador mobiliza na estruturação de uma gigantesca partitura, em que espaço, ator, texto verbal, música e demais materiais teatrais, traçam figuras, ritmos, organizações formais, cadeias de motivos e atitudes, quadros estáticos e em movimento, mutação de situação e de ritmo, na organização de um discurso teatral de múltiplos enunciadores.”

Pude observar todas essas características de uma teatralidade contemporânea no Projeto Pirandello, onde não existia uma única visão, a visão do enunciador, os atores contribuíam a todo o momento na construção das partituras, o próprio espaço físico, já não é de um teatro clássico com palco e quarta parede, o espetáculo foi desenvolvido e apresentado em um casarão antigo, onde atores e espectadores dividiam praticamente o mesmo espaço, não havia uma separação, havia uma possibilidade de troca entre ator e espectador, o uso de projeção de vídeo, que a meu ver, também é uma forma de quebrar com essa barreira entre ator e espectador, porque inevitavelmente quando os atores param para observar o vídeo, ali, naquele momento, eles passam a ocupar um lugar de espectador também.

“A palavra teatro deriva do grego theaomai, verbo que significa olhar com atenção, contemplar, mas também significa a pessoa olhada com admiração, ou ainda, ver no sentido de visitar, de estar com a pessoa vista. E mais, de aprender através do olhar. Como substantivo, théatron estabelece um lugar, “o lugar de onde se vê”. Duplo movimento: o de olhar com admiração e o de ser olhado. Teatro é uma palavra que permite a simultaneidade daquilo que se vê e que é visto, palavra que evidencia o fluxo entre eu e tu, que nos coloca sentados no colo do paradoxo, ao mesmo tempo Medusa e Pégaso.”(Verônica Fabrini)

Diz o mito que Medusa, antes de ser transformada pela ciumenta Athena em monstro de cabelos de serpentes, era uma donzela linda, de exuberante cabeleira, surpreendida pela deusa em seu templo, nos braços do insaciável Zeus. Seu castigo foi o de transformar todos os que a olhavam em estátuas de pedra. Medusa foi morta por Perseu, que usando sandálias aladas e um escudo mágico de metal polido, fez com que ela própria se mirasse e, paralisada, pôde o herói decapitá-la com uma espada que lhe fora presenteada por Hermes. O sangue escorreu em abundância e foi recolhido por Perseu. Da veia esquerda, saía um poderoso veneno. Da veia direita um bálsamo capaz de ressuscitar os mortos. De seu pescoço, nasceram duas criaturas: o gigante dourado Crisaor e o cavalo alado Pégaso. Bálsamo e veneno, pedra e voo. Como estar sentado no colo do paradoxo.

Rendendo-se à espada de Perseu, Medusa é libertada de sua triste sina e Pégaso- símbolo da poesia- nasce de seu pescoço.

Essa ambiguidade que é inquietante na relação com o olhar."


BIBLIOGRAFIA

DE MARINIS, Marco. En busca del actor e del espectador. Comprender el teatro II, ed. Galerna.

LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós-dramático, ed. Cosacnaify

PAVIS, Patriice. A encenação contemporânea: origens, tendências, perspectivas, ed. Perspectiva.


LAZZARATTO, Marcelo. Campo de visão: exercício e linguagem cênica, Ed. Escola superior de artes Célia Elena.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os Seis Visitam o Solar

É com enorme prazer que o Projeto de Extensão e Pesquisa Pirandello Contemporâneo, através do Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea, apresenta:

OS SEIS VISITAM O SOLAR

O que nos move? O QUE HÁ DE URGÊNCIA EM NÓS? Como nossos corpos vivenciam a experiência capital dos SEIS personagens de Pirandello? A experiência traumática do incesto?

O que os SEIS tem a nos revelar? O DESEJO BRUTAL de reviver na CARNE a memória de alguma coisa que aconteceu em algum lugar, em algum tempo. A vontade dos SEIS em materializar suas experiências evoca a nossa própria existência, evoca tudo que há de humano em nós.

Sob a direção de Martha Ribeiro e a partir do estudo da peça "Seis personagens à procura de um autor", de Luigi Pirandello, os performers apresentam o espetáculo que desbrava todos os dramas dos SEIS personagens vivos, buscando um diálogo entre as experiências interiores e a vivência do texto teatral. Os fatos descritivos não interessam, mas sim os desejos que passam pelo corpo. Não se trata de informação, mas de vivência, que tanto pode provir da reminiscência de algo que vivemos ou de algo que ouvimos, e que se aderiu em nossa pele. O que interessa é a memória-corpo ou o corpo-memória, os afetos.


Se a problemática do incesto no autor é inegável - sua esposa, mentalmente perturbada, o acusara de afetos incestuosos em relação à filha - não nos interessa aqui os aspectos psicológicos do conflito, mas a sexualidade, os corpos decadentes, o desejo, a dor, a tortura, o prazer, O TRAUMA. Tudo de concreto que perpassa pelo CORPO.

A pesquisa se proprõe a questionar os limites de gênero.





Impressões Expressas: da Cena para Dentro / Amanda Calabria

Venho, há algum tempo, refletindo sobre como tudo começou, e agora a necessidade de passar os pensamentos adiante me arde forte. Escrevo porque é necessário, assim como me é vital estar em cena. Venho, por essa razão, trocar minhas impressões com os colegas e revelar um pouco de mim no processo de trabalho para além da cena. Inclusive, acho que devemos fazer isso mais vezes. O blog é uma via muito boa, mas tenho a impressão de que em algum momento nos perdemos. É também sobre isso que gostaria de falar, dos encontros e dos desencontros entre nós; perdas e ganhos.

Assim como o Henrique, sinto muitas mudanças em mim desde quando iniciamos o projeto. O laboratório sob a perspectiva do teatro físico e a experiência com o view points me fez crescer muito. Vejo que o trabalho físico realizado, conjugado a dramaturgia de Pirandello, é potencialmente revelador das intimidades e dos impulsos do performer. E o amadurecimento, em mim, veio não só como bagagem profissional, mas também me afetou no âmbito pessoal. O trabalho físico com a cena pirandelliana me exigiu dedicação e disciplina enquanto atriz, e também levou a uma revelação do que é íntimo, isso numa relação de dependência de um com o outro para que o trabalho aconteça.

Percebo que o laboratório, precocemente, me trouxe alguns resultados. Também por estar numa  fase da vida em que o amadurecimento se dá de maneira rápida, sinto um desenvolvimento de uma Amanda mais madura após alguns meses de convívio e trabalho. Observo agora um corpo ativo, vivo, despido. Hoje “eu não me envergonho mais”, e não é à nudez que me refiro, é ao fato de não sentir mais receios de me mostrar, de, de repente, ver um movimento revelar algo de muito íntimo, algo que é real e que vem de dentro de mim. Algo que é meu, só meu, e que se emocionalmente me soa estranho, artisticamente pode ser muito interessante, porque toca no outro de modo verdadeiro, gerando uma cumplicidade entre performer e espectador.

Isso é, ao meu ver, o que essa abordagem contemporânea traz de mais generoso a arte. Não se super valoriza o texto ou a personagem, o ator pode utilizar da personagem para fazer um mergulho interno, tendo assim a oportunidade ímpar de conferir a arte algo que é seu, só seu e de mais ninguém. Agora começo a compreender Artaud e Grotowski na relação que eles buscavam entre ator e espectador. É uma intimidade que só acontece com doação, entrega, desnudamento. É  mesmo um ritual. E é uma doação vital, uma necessidade!

A entrega que hoje consigo vivenciar, é claro, não aconteceu do nada. E o meu processo não se iniciou agora com o projeto. Faço teatro há quase três anos – o que é muito pouco, mas já me confere alguma experiência, e pude vivenciar algumas coisas no tocante ao íntimo. Nesse sentido o trabalho com o realismo e naturalismo é maravilhoso. À contribuição de Stanislavski reconheço a relação entre personagem e ator, mas nada foi tão visceral quanto a abordagem contemporânea física da cena, do corpo, do íntimo, do ser. Hoje posso dizer que a prática não é mais brincar de fazer teatro, mas esse fazer teatro se tornou uma necessidade, e, principalmente, pela descoberta da possibilidade de me usar como matéria prima, de mexer a fundo nas minhas impressões e na minha memória para dar vida à uma personagem (instrumento).

Nessa minha breve caminhada não posso me ater ao trabalho individual, a contribuição do grupo foi essencial para o despertar dessas percepções. O coletivo sempre se mostrou muito aberto para as expressões individuais que se revelaram e para as trocas decorrentes do processo. E comigo o coletivo foi muito generoso. A ânima do grupo, a vontade de alguns e a doação dos colegas foi fundamental para chegarmos ao resultado que agora alcançamos, e que corre num crescente. Foram várias as cenas fruto de trabalhos a fundo, de investigação e de criação, acredito inesgotável, que conseguiram atingir a emoção dos colegas e espectadores de modo intenso, profundo.

Acho, todavia, que nos percalços nos perdemos um pouco. Nos perdemos quando deixamos de ensaiar, quando chegamos atrasados, quando não levamos os objetos, quando não decoramos o texto, quando não estamos lá no Solar inteiros. Essas coisas que acontecem, claro, mas que aos poucos mínguam a energia do grupo. É importante que aprendamos que pequenos ‘’desleixos’’ são completamente dispensáveis ao teatro, ou melhor, são prejudiciais, e se permitirmos serão até destrutivos. Esse papo da Martha de nos tornarmos independentes é fundamental. Devemos ser agentes, co-autores do espetáculo e aproveitar a chance de criarmos sozinhos, o que é maravilhoso! E, quando nos comprometemos de verdade  “A COISA” acontece e brilha, porque acontece dentro de nós e irradia nos outros performers, e nos espectadores, e nas janelas, e portas de todo o Solar. É por isso que faço teatro, porque quando entro em cena, após muito ensaio, eu me sinto incendiar, me sinto agraciada, e aquilo é a única coisa que eu gostaria de fazer na vida. É preenchimento. Acho que pra mim é um ato de fé, de rendição, mas isso é outra história...

Por fim quero agradecer a todos. Minha gratidão aos colegas que me ensinam diariamente, que me recebem sempre com sorrisos e abraços, à Martha pela oportunidade de trabalho e pela doação amorosa ao projeto, e meu agradecimento a todos que se envolveram para além da cena, os que ficam nas coxias se empenhando para tudo acontecer e brilhar. Gratidão. E que venha dia 11 para mostrarmos o nosso melhor! 

EVOÉ!

Sob o olhar de Henrique Magalhães

Gostaria de compartilhar um desabafo com vocês ... Pois acredito que muitas mudanças de dentro de mim, partiu daqui .

Estou sentindo um novo Henrique dentro de mim.
Um Henrique mais responsável, mais determinado, mais bondoso, menos marrento, mais calmo e observador.
Vejo que observar é fundamental para absorver.
E necessário se livrar de algumas influencias, tomar cuidado com influencias, elas podem te levar para um abismo que é foda de sair.
Hoje eu não tenho gula.
Tenho ambição em aprender e compartilhar !
Eu sempre tive muito ódio dentro de mim ... Pelo mesmos motivos que você sente ódio. O planeta ta uma merda e não conseguia conviver.
Alguma coisa transformou esse ódio em amor, muito amor.
"AMAR SOBRE TODAS AS COISAS!"
minha MÃE me mostrou isso.
Não é religiosidade, é princípio!
Respeitar, admirar, ter afeto, reconhecer quem está perto, ser verdadeiro, ser uma pessoa íntegra!
Ter DIGNIDADE!!!
Amor não é só uma palavra!
Sejamos AMOR!
Acho que to crescendo ... Mesmo atrasado... já foi um pequeno grande passo !

Carta Aberta ao espectador entregue no MAC

O Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea, e a Universidade Federal Fluminense – Departamento de Arte

Apresentam

OS SEIS, PERFORMANCE ESTUDO I:
Os 7 buracos de nossa cabeça.
Direção artística Martha Ribeiro


A primeira intervenção urbana do projeto de pesquisa e extensão PIRANDELLO CONTEMPORÂNEO, que faz sua residência artística no Solar do Jambeiro, será no MAC, na galeria principal. Os performers invadem o MAC apresentando seus estudos e partituras desenvolvidos no Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea da UFF, coordenado pela pesquisadora Martha Ribeiro.

O que nos move? O QUE HÁ DE URGÊNCIA EM NÓS? Como nossos corpos vivenciam a experiência capital dos SEIS personagens de Pirandello? A experiência traumática do incesto?

O que os SEIS têm a nos revelar? O DESEJO BRUTAL de reviver na CARNE a memória de alguma coisa que aconteceu em algum lugar, em algum tempo. A vontade dos SEIS em materializar suas experiências, evoca a nossa própria existência, evoca tudo que há de humano em nós. 

29 de junho às 17h

Performers do Projeto:
Alex Kossak; Amanda Calabria; Anatália Catu; Augusto Fontes; Bruno Bento; Camila Marques; David Kondylopoulos; Gabriel Henriques; Giovana Adoracion; Henrique Magalhães; Jefferson Santos; Nathália Cantarino; Natália Marques; Thiago Piquet; Úrsula Bahiense; Yan Gabriel.

Equipe Técnica:
Ursula Bahiense – assistente de direção; Elisa Gouvea - assistente de arte; Rodrigo Souza e
Rodrigo SouzaAna Luiza Lacerda - assistentes de produção; Thiago Piquet e Renata Alves – coreografias. Vídeos: Marcela Amaral e Nosara Urcuyo

PROJETO REALIZADO COM O APOIO DO PROEXT - MEC/SESU.
Projeto de Extensão e Pesquisa da Universidade Federal Fluminense
Realização: UFF – IACS – LCICC – PROEX

Apoios: PREFEITURA DE NITERÓI – FAN - SOLAR DO JAMBEIRO


“A vida é um fluxo contínuo que nós procuramos deter” (Pirandello)


Carta Aberta aos Espectadores:

O que vocês irão assistir aqui, hoje, é um trabalho em Work in Progress
A performance OS SEIS, PERFORMANCE ESTUDO I: OS 7 BURACOS DE NOSSA CABEÇA, não tem a pretensão de ser uma obra acabada, ela nem mesmo é uma obra, ela é um convite estético para que todos que estão aqui comecem a acompanhar o que temos trabalhado no Projeto Pirandello Contemporâneo até agora. 

O que vocês irão assistir não é um espetáculo. O que vocês irão assistir não é o drama escrito por Pirandello, ainda que contenha fragmentos de seu texto. O que vocês irão assistir também não é uma improvisação, pois temos uma estrutura muito rígida para seguir. O que vocês irão assistir aqui no MAC continuará a ser trabalhado, a ser investigado. Vocês poderão ver hoje algumas das apropriações/intervenções que estamos fazendo sobre Os Seis de Pirandello no Laboratório de Criação, em sua Residência Artística no Solar do Jambeiro.  Mas será apenas uma célula.

Vocês poderão continuar a acompanhar esse trabalho de investigação, a seguir junto conosco esse trabalho em progresso e ver onde tudo isso vai dar. A natureza desse trabalho é um pouco diferente, como vocês poderão perceber, caso venham a nos acompanhar em nossa jornada.

Dada a natureza desse trabalho, convidamos todos aqui a continuarem conosco, visitando nossa casa em nossa próxima jornada – o Solar do Jambeiro, dias 11 e 18 de julho às 20h. Esse é nosso conselho para vocês aqui hoje, seguir junto conosco nessa investigação.

Dada a natureza deste trabalho, aconselhamos todos aqui a seguir Os Seis em cada nova etapa. Dada a natureza deste trabalho, esperamos ver cada um de vocês novamente. Dada a natureza deste trabalho, ver cada um de vocês novamente será como receber um amigo em nossa casa.

 


Evoé.

Os Seis, Performance Estudo I

O Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea apresentou:


OS SEIS, PERFORMANCE ESTUDO I Os 7 buracos de nossa cabeça


A primeira intervenção urbana do projeto de pesquisa e extensão PIRANDELLO CONTEMPORÂNEO coordenado pela pesquisadora Martha Ribeiro aconteceu neste sábado no MAC de Niterói, em sua galeria principal. Os performers invadiram o MAC apresentando seus estudos e partituras cênicas, baseados no texto "Seis Personagens à Procura de um Autor" de Luigi Pirandello.

O que nos move? O que há de urgência em nós? Como nossos corpos vivenciam a experiência capital dos SEIS personagens de Pirandello? A experiência traumática do incesto? O que os SEIS tem a nos revelar? 




A performance foi uma pequena demonstração do nosso estudo e também futuro espetáculo baseado no excelente trabalho desenvolvido ao longo de toda uma vida que foi o do autor Luigi Pirandello. Durante a terceira edição do evento "MAC como obra de arte", inspirados nas manifestações que estão acontecendo em todo Brasil, apresentamos um pouco do nosso teatro corporal e instigamos os espectadores com uma intervenção dentro da performance. Foi um tremendo sucesso logo na estreia onde até público emocionado tivemos.

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=YB5IcHQkJCE&feature=share




O jornal RJTV fez uma matéria sobre o evento e nós fomos entrevistados.

Confira a matéria aqui:

Performers:
Alex Kossak, Amanda Calabria, Anatália Catu, Augusto Fontes, Bruno Bento, Camila Marques, Henrique Magalhães, Jefferson Santos, Nathalia Cantarino, Natália Marques, Renata Alves, Thiago Piquet, Úrsula Bahiense, Yan Venturin.

Equipe Técnica:
Direção Artística: Martha Ribeiro 
Assistente de Arte: Elisa Gouvea 
Assistente de Produção: Ana Luiza Lacerda 
Coreografias: Thiago Piquet e Renata Alves 

Realização: 
Universidade Federal Fluminense 
Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea 
Instituto de Arte e Comunicação Social
PROEX

Apoio:
PROEXT - MEC/SESU

Para saber mais sobre o projeto acesse o site:http://www.pirandellocontemporaneo.uff.br/

terça-feira, 11 de junho de 2013

Não percam!

Se você não teve a oportunidade de assistir ao experiente ator Cacá Carvalho, sob direção de Roberto Bacci, no Espaço Sesc em Abril, com o incrível resultado de vinte anos de estudos a respeito desse universo pirandelliano, não percam essa curtíssima temporada da Trilogia Pirandello em Junho.



Agora no Teatro Glaucio Gil em Copacabana, a triologia será apresentada da mesma maneira, divida durante os dias da semana porém com uma novidade, mais dias de apresentações. Veja:

Às quartas e quintas, Cacá Carvalho apresenta O Homem com a Flor na Boca, uma história que nasce a partir de um texto teatral. Um homem consciente da finitude das coisas e da vida, fala sobre todos os particulares aparentemente comuns que compõem a existência, revelando a grandeza das coisas, a banalidade como são tratadas e a monotonia que torna a vida sem sabor.  O gosto estranho do dia a dia preso no fundo da garganta. 

Às sextas e sábados o público se delicia com A Poltrona Escura, resultado de um estudo das novelas  Os pés na grama, O carrinho de mão e O sopro, dos livros  Berecche e la Guerra e Candelora. No espetáculo, a história de três homens irreverentes, poéticos e cheios de uma cruel consciência da nossa finitude. Segundo o diretor Roberto Bacci, “a peça mostra como é inquietante o olhar divertido, lúcido e cruel de Pirandello sobre a condição humana.” A capacidade do Pirandello de suscitar diferentes sensações é um dos trunfos de sua obra. "Além de tocar em temas muito profundos, ele reveste essa profundida com uma dose de humor, de irona, que faz com o espetáculo e o trabalho dele sejam muito palatáveis", diz Cacá. Em 2004,  A Poltrona Escura foi considerado pela Associação Paulista de Críticos de Artes um dos cinco melhores do ano e rendeu o Prêmio Shell ao seu intérprete.

Para finalizar a viagem à Trilogia de Pirandello, aos domingos e segundas, Cacá mergulha no universo dos romances .umnenhumcemmil vem do romance homônimo, último escrito por Pirandello. Nele vemos Gengé, que depois de um pueril comentário de sua mulher descobre-se um outro e decide cancelar sua identidade, família e cultura e tornar-se nenhum, um nenhum.

Com a apresentação dos três espetáculos, o espectador faz um mergulho na alma humana e nos questionamentos do homem contemporâneo tão bem traduzidos na obra de Luigi Pirandello, além de poder testemunhar o ator Cacá Carvalho em profunda sintonia com o autor. A trilogia não é somente o raro percurso de um ator, mas da mesma equipe criativa (diretor, cenógrafo, dramaturgo, iluminador)  que reafirmam o valor do trabalho de uma equipe constante.

Mais informações em: http://www.cultura.rj.gov.br/evento/trilogia-pirandello



segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pirandello em "Os Gigantes da Montanha"

Para aqueles que estarão em Belo Horizonte esse feriadão, atenção nessa novidade, sortudos!

Nos dias 30 e 31 de Maio e 01, 02, 08 e 09 de Junho, o Grupo Galpão, sob direção de Gabriel Villela e patrocínio da Petrobras, terá o prazer de nos apresentar gratuitamente mais uma obra do nosso queridíssimo autor Luigi Pirandello, "Os Gigantes da Montanha".


Quando morreu vítima de forte pneumonia, em 1936, Pirandello ainda não havia concluído “Os Gigantes da Montanha”, que possui apenas dois atos. Em leito de morte, o autor relatou ao filho Stefano um possível final, que aparece indicado como sugestão para o terceiro ato. Para o Galpão, o fascínio de montar essa fábula está em sua incompletude, que lhe atribui característica de obra aberta, possibilitando múltiplas leituras e interpretações.

Mais informações em:


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Traços e Perspectivas de Elisa Gouvêa

Desde que iniciamos o processo das oficinas no Pirandello Contemporâneo, contamos com a presença de Elisa Gouvêa, que, embora não se aventure como performer no Projeto, se faz presente através de sua sensibilidade ao nos observar todos os dias e nos representar através de belos traços sobre o papel a partir de diferentes ângulos e perspectivas.

Abaixo vocês poderão conferir alguns de seus desenhos sobre o Projeto de Extensão e Pesquisa.

Olhares dos performers

Sapatos da Camila Marques

Henrique Magalhães


Visão do cabelo de Marilia Petrechen



Renata Alves

Partícula de partitura do Jessé Cabral

E abarcando em sua sensibilidade, no dia 11 e 18 de Julho, teremos a primeira apresentação do Projeto (clique aqui para a agenda), com a mostra das cenas que estão sendo trabalhadas nas oficinas que terá como nome "O Seis Personagnens visitam o Solar", em que a Elisa está auxiliando na concepção da produção de arte.

Aguardem, pois levaremos vocês à conhecer um outro universo!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Agenda 2013


Já saiu a Agenda de apresentações do Projeto Pirandello Contemporâneo neste ano de 2013, com datas definidas nos meses de Julho e Setembro.

No mês de Julho, dias 11 e 18, os Seis Personagens, da peça "Seis Personagens à procura de um Autor", farão uma visita ao Solar do Jambeiro e trarão com eles todos os seus temores, inseguranças, questionamentos, prazeres e dramas. Não perca, a entrada será gratuita!


Agenda 2013 do Projeto Pirandello Contemporâneo, UFF.

Fique por dentro de tudo acompanhando também o nosso facebooktwitter e site, pois muitas novidades estão  chegando e serão destinadas apenas a algumas dessas mídias! 

Breve abriremos nossas aulas para àqueles interessados em ver um pouco do nosso processo de imersão no "Universo Pirandelliano" e na "Cena Contemporâneo". Aguardem!

domingo, 5 de maio de 2013

Visita de Arthur Moura

No mês de Abril, o Projeto Pirandello Contemporâneo recebeu a visita do estudante de História, UFF, e cineasta Arthur Moura, que colaborou com o projeto através da sua visão sobre o ensaio do grupo, refletindo em belas imagens que podem ser vistas no vídeo.



As cenas mostram parte do trabalho de corpo do grupo, através de alongamentos e exercícios de articulações, durante uma das aulas da amiga, atriz e colaboradora do projeto, Renata Alves

As cenas apresentadas refletem um pouco da arte e da visão do Arthur Moura sobre o projeto e, falando por todos nós, atores, gostaria de agradecer sua presença no Pirandello Contemporâneo.  
  
Vale muito conferir também outros trabalhos em seu canal original, onde poderão encontrar todos os seus vídeos e filmes:

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sob o olhar de Yan Gabriel Venturin


19:01: Terça eu havia saído triste e desmotivado do Solar do Jambeiro... O que já vinha percebendo há algumas semanas era, agora, um fato: minhas faltas (por causa da viagem e, depois, do pé) haviam sido mais danosas do que eu havia previsto para o meu desenvolvimento em conjunto com o Grupo. E, acreditava eu, haviam sido fatais. Estava completamente perdido, não entendia nada do que a Martha e meus colegas falavam sobre a peça e estava prestes a desistir...

Hoje sai do bandejão com isso em mente e, no caminho para o Solar de Pirandello, decidi que me dedicaria ao máximo para tentar entender o que a Martha estava propondo e, mais do que entender (o que as vezes conseguia por momentos), sentir... como os outros pareciam e demonstravam sentir... mas para mim era estranho e “pós-moderno demais”. A vertigem ainda era muito forte e nem sempre percebida, o que reforçava meus preconceitos comigo mesmo, e me dava poucas esperanças.

Cheguei 20 minutos atrasado e quando cheguei o exercício já havia começado... Olhei para o grupo e vi uma linda cena de amor entre o Pai e a Enteada, ali encarnados pelas vibrações de Amanda e Augusto. Me embasbaquei... Tinha, ainda, um aglomerado para mim indefinido de pessoas, porém muito reluzente e sedutor... Logo que percebi a beleza e a vivacidade da cena me lembrei dos outros ensaios e imaginei logo que mais uma vez tudo se repetiria: a beleza, a profundidade, a empolgação, a explosão de sentimentos que eu não sabia conduzir, conviver, entender e, principalmente, sentir.

Improviso em cima das Seis Personagens da peça 
"Seis Personagens à Procura de um Autor", Luigi Pirandello.

Apesar do meu típico pessimismo comecei a tentar manter minha concentração já nas palavras da Martha e, ao mesmo tempo, sempre observando aquele filho mais velho, que quase nada falava, menos ainda se movia, mas transparecia raiva e ciúme, amor e ódio, nojo e inveja... e mais centenas de sentimentos sombrios e sedutores que explodia em seu peito. Me concentrei nele quando vesti o casaco e me sentei na cadeira de fronte para aquele papel de parede rosa e antigo, abaixo do histórico lustre... Vi o abismo na cadeira, mesmo que sentado, o percebi... o conheci... e o entendi... Percebi o filho dentro de mim e conversei com ele, e, então, me joguei.

Havia me achado no meio daqueles muitos seis, doze, dezoito, mil personagens... Me encontrava no meio deles... no meio daqueles muitos corpos de Pais, Mães, Enteadas e outros Filhos... e observava a tudo com os olhos do filho, do meu Filho... e então entendi e conheci de verdade o projeto Pirandello Contemporaneo, ou seu método, sei lá... Naquele momento, interagindo com o Jessé Pai e o Jessé Enteada, sendo Pai e Filho, fui Pirandello.


Yan Gabriel Venturin
(transcrito de seu diário pessoal)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Sob o olhar de Augusto Fontes Júnior

Na última semana do projeto, 23 e 25 de abril, as aulas do Pirandello Contemporâneo foram ministradas pelos professores Johayne Hildefonso e Renata Alves que propuseram diversos exercícios: alongamentos, trabalhos de contato físico e visual, partituras utilizando máscaras, improviso, etc. 

A partir da experiência do grupo sobre os exercícios realizados o amigo e ator do projeto, Augusto Fontes Júnior, deu seu olhar sobre essas duas aulas, produzindo um vídeo de recortes destes momentos com cenas de concentração, discussão, descontração, além de apresentar um pouco da beleza e energia do espaço em que todas as semanas é tomado como palco para os encontros do projeto, o Solar do Jambeiro.  



Com pouco mais de um mês de projeto, é perceptível a vontade e participação de todos os envolvidos no estudo, assim como a nossa evolução. Este vídeo representa o estreitamento das nossas relações, e revela ainda o quanto desejamos criar a partir do Projeto de Extensão, apresentando um pouco do que podem esperar.

E ainda vem muito por aí! Aguardem!

sábado, 27 de abril de 2013

Sob o olhar de Amanda Calabria

De alma pra alma: entre janelas e portais


Todas as terças e quintas, quando chego no Solar eu tenho um encontro comigo mesma. São os meus dias na semana, que são meus, pra mim, para eu fazer o que mais gosto que é trocar sinestesicamente com as pessoas e as coisas, com seus cheiros sons e texturas, que parecem até de um outro universo que não do meu dia-a-dia conturbado citadino. A arte está no encontro com as paredes, com as janelas arejadas, com o teto abobadado e suntuoso, com o piso metrificado e com os olhos sorridentes e afetuosos que me tragam, me levando para esse universo encantador e encontrador que é a arte. O dia-a-dia conturbado se esvai, silenciando minhas questões e imprimindo à minha cabeça um raciocínio sagaz e audacioso para as pessoas, para os olhos, para respiração e a alma. Matéria e alma. A alma. Acho que foi isso com que eu me deparei nessa última quinta-feira.

Tudo começou com um alongamento doloroso despertando o corpo. Por motivo de saúde, o Professor Mendonça não pode estar conosco e a Renata foi a “Nossa”. Passamos para um alongamento em dupla, que se aparentemente não havia nada demais, para mim foi uma grande troca. Tocar, massagear, alongar, entender o corpo da colega. Olhar a Nathália nos olhos, sentir sua respiração. Fazer todas as coisas que fomos desaprendidos a fazer ao longo da vida. A partir daí, nos movimentamos com o par no jogo do peso e contrapeso. Sentindo o peso do braço, do tronco, das pernas, se envolvendo num movimento aonde dois corpos são um só.

Trabalhamos também em algumas brincadeiras, como rolar sobre os corpos dos colegas e manejar o corpo do amigo com os olhos fechados, em roda, semelhante ao “João-bobo”. Se aparentemente parecia não se passar de uma brincadeira, quem experienciava se debruçava sobre uma relação estreita de confiança, de doação, de cuidado, de percepção do outro. É como se ver no espelho em outra matéria e entender os movimentos corporais. Já havia feito esse exercício um zilhão de vezes, é corriqueiro nas aulas de teatro porque tem essa função importante mesmo de trabalhar a relação com o outro. Mas achei muito boa a forma como a aula foi conduzida, como cada exercício foi importante para a realização do próximo, que viria ainda mais íntimo.

O ápice da aula, para mim, esteve nos dois exercícios que vieram depois. Intensos, invasores, íntimos e coletivos. O primeiro, que começou com uma despretenciosa caminhada pelo espaço com troca de olhares, desencadeou num jogo de afetos interessantíssimo em duplas. Após uma breve e deliciosa troca, com o Jefferson, me ative aos olhos curiosíssimos do Jessé. Que experiência! Doação: um jogo gostoso de se realizar, invasor, investigativo que me afetou de diferentes modos. Os movimentos eram inesgotáveis e as sensações múltiplas; os olhos se adentraram um no outro. Sinto que poderia ter namorado com os olhos do colega por tempo indeterminado que os movimentos fluiriam.

Foto de Augusto Fontes Júnior:
Alex Kossak e Marilia Petrechen, atores e amigos do projeto.

O último exercício foi ainda mais íntimo. Em roda, cada um passaria pelos colegas olhando-os nos olhos. Eu não sinto mais incômodo em fazê-lo, sinto até carência quando não o faço. Uma das coisas mais bonitas com que o teatro me presenteou foi me mostrar que eu poderia olhar nos olhos das pessoas. E o melhor: que poderia descobrir coisas sobre ela e sobre mim. Como eu gosto dessa brincadeira! Eu vou fundo. Gosto de pensar que as pessoas podem descobrir coisas sobre mim sem que eu precise dizê-las. Então eu me dôo mesmo, me deixo exposta. Naquele instante amei a todos. E, por segundos, morei em cada um dos pares de olhos. Claro, escuro, grande, pequeno, arguto, cego, doce, profundo. Cada olhar era diferente, cada olhar trazia uma história. E assim como a Camila eu também senti saudade dos olhares. A brincadeira perpassava a matéria. A gente se via, e via no outro a alma. Afeto é a palavra para descrever coisas que passaram pelo meu corpo. Fui afetada por sentimentos como carinho, curiosidade, desejo, tesão, compreensão... Marília disse que todos ficaram lindos. E foi mesmo. As almas são mesmo lindas. Belas e transparentes. Os olhares têm chegadas e despedidas. Encontros e desencontros. Os olhos: portais. Janelas da alma.

Amanda Calabria


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Trilogia Pirandello

Se você não conhece nada a respeito ou está querendo se aprofundar ainda mais nas obras do nosso queridíssimo dramaturgo italiano e prêmio Nobel de literatura Luigi Pirandello, não deixe essa oportunidade passar.

Cacá Carvalho: "umnenhumcemmil", Trilogia Pirandello.

Completando 20 anos de estudos profundos sobre o Universo Pirandelliano, matematicamente falando, um terço de sua vida, Cacá Carvalho, ao lado do renomado diretor Roberto Bacci, realiza a proeza de nos apresentar três espetáculos (um texto teatral, novelas, e seu último romance) de uma só vez no Espaço Sesc, Copacabana, são eles: "O Homem com a Flor na Boca", "A Poltrona Escura" e "umnenhumcemmil".

Hoje (25/04) começa a primeira apresentação da última jornada da temporada! Veja a programação no link abaixo:

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Bem-vindos ao Maschere Nude!

Grupo do Projeto Pirandello Contemporâneo, UFF.

Sejam todos muito bem-vindos ao Maschere Nude, blog do Projeto de Extensão Pirandello Contemporâneo

Aqui mostraremos à toda a comunidade artística e quem mais interessar o processo desenvolvido dentro das oficinas do projeto a partir da nossa visão, atores, em que exporemos, de diversas formas, os exercícios e atividades praticadas dentro do Solar do Jambeiro, com as nossas dificuldades, evoluções e impressões. 

Com o intuito de dissecar o projeto e mostrar seu âmago, semanalmente publicaremos textos de experiências, vídeos dos exercícios, fotos comentadas, croquis, informações sobre a cena teatral e muito mais!  

Contamos também com a colaboração de todos vocês, leitores, com dicas, sugestões e comentários. Espero que gostem e acompanhem o nosso processo!  Fiquem atentos pois estamos apenas começando!

Para mais informações acessem nosso site e redes sociais!

Twitter: @PirandelloCon