quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os Seis Visitam o Solar

É com enorme prazer que o Projeto de Extensão e Pesquisa Pirandello Contemporâneo, através do Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea, apresenta:

OS SEIS VISITAM O SOLAR

O que nos move? O QUE HÁ DE URGÊNCIA EM NÓS? Como nossos corpos vivenciam a experiência capital dos SEIS personagens de Pirandello? A experiência traumática do incesto?

O que os SEIS tem a nos revelar? O DESEJO BRUTAL de reviver na CARNE a memória de alguma coisa que aconteceu em algum lugar, em algum tempo. A vontade dos SEIS em materializar suas experiências evoca a nossa própria existência, evoca tudo que há de humano em nós.

Sob a direção de Martha Ribeiro e a partir do estudo da peça "Seis personagens à procura de um autor", de Luigi Pirandello, os performers apresentam o espetáculo que desbrava todos os dramas dos SEIS personagens vivos, buscando um diálogo entre as experiências interiores e a vivência do texto teatral. Os fatos descritivos não interessam, mas sim os desejos que passam pelo corpo. Não se trata de informação, mas de vivência, que tanto pode provir da reminiscência de algo que vivemos ou de algo que ouvimos, e que se aderiu em nossa pele. O que interessa é a memória-corpo ou o corpo-memória, os afetos.


Se a problemática do incesto no autor é inegável - sua esposa, mentalmente perturbada, o acusara de afetos incestuosos em relação à filha - não nos interessa aqui os aspectos psicológicos do conflito, mas a sexualidade, os corpos decadentes, o desejo, a dor, a tortura, o prazer, O TRAUMA. Tudo de concreto que perpassa pelo CORPO.

A pesquisa se proprõe a questionar os limites de gênero.





Impressões Expressas: da Cena para Dentro / Amanda Calabria

Venho, há algum tempo, refletindo sobre como tudo começou, e agora a necessidade de passar os pensamentos adiante me arde forte. Escrevo porque é necessário, assim como me é vital estar em cena. Venho, por essa razão, trocar minhas impressões com os colegas e revelar um pouco de mim no processo de trabalho para além da cena. Inclusive, acho que devemos fazer isso mais vezes. O blog é uma via muito boa, mas tenho a impressão de que em algum momento nos perdemos. É também sobre isso que gostaria de falar, dos encontros e dos desencontros entre nós; perdas e ganhos.

Assim como o Henrique, sinto muitas mudanças em mim desde quando iniciamos o projeto. O laboratório sob a perspectiva do teatro físico e a experiência com o view points me fez crescer muito. Vejo que o trabalho físico realizado, conjugado a dramaturgia de Pirandello, é potencialmente revelador das intimidades e dos impulsos do performer. E o amadurecimento, em mim, veio não só como bagagem profissional, mas também me afetou no âmbito pessoal. O trabalho físico com a cena pirandelliana me exigiu dedicação e disciplina enquanto atriz, e também levou a uma revelação do que é íntimo, isso numa relação de dependência de um com o outro para que o trabalho aconteça.

Percebo que o laboratório, precocemente, me trouxe alguns resultados. Também por estar numa  fase da vida em que o amadurecimento se dá de maneira rápida, sinto um desenvolvimento de uma Amanda mais madura após alguns meses de convívio e trabalho. Observo agora um corpo ativo, vivo, despido. Hoje “eu não me envergonho mais”, e não é à nudez que me refiro, é ao fato de não sentir mais receios de me mostrar, de, de repente, ver um movimento revelar algo de muito íntimo, algo que é real e que vem de dentro de mim. Algo que é meu, só meu, e que se emocionalmente me soa estranho, artisticamente pode ser muito interessante, porque toca no outro de modo verdadeiro, gerando uma cumplicidade entre performer e espectador.

Isso é, ao meu ver, o que essa abordagem contemporânea traz de mais generoso a arte. Não se super valoriza o texto ou a personagem, o ator pode utilizar da personagem para fazer um mergulho interno, tendo assim a oportunidade ímpar de conferir a arte algo que é seu, só seu e de mais ninguém. Agora começo a compreender Artaud e Grotowski na relação que eles buscavam entre ator e espectador. É uma intimidade que só acontece com doação, entrega, desnudamento. É  mesmo um ritual. E é uma doação vital, uma necessidade!

A entrega que hoje consigo vivenciar, é claro, não aconteceu do nada. E o meu processo não se iniciou agora com o projeto. Faço teatro há quase três anos – o que é muito pouco, mas já me confere alguma experiência, e pude vivenciar algumas coisas no tocante ao íntimo. Nesse sentido o trabalho com o realismo e naturalismo é maravilhoso. À contribuição de Stanislavski reconheço a relação entre personagem e ator, mas nada foi tão visceral quanto a abordagem contemporânea física da cena, do corpo, do íntimo, do ser. Hoje posso dizer que a prática não é mais brincar de fazer teatro, mas esse fazer teatro se tornou uma necessidade, e, principalmente, pela descoberta da possibilidade de me usar como matéria prima, de mexer a fundo nas minhas impressões e na minha memória para dar vida à uma personagem (instrumento).

Nessa minha breve caminhada não posso me ater ao trabalho individual, a contribuição do grupo foi essencial para o despertar dessas percepções. O coletivo sempre se mostrou muito aberto para as expressões individuais que se revelaram e para as trocas decorrentes do processo. E comigo o coletivo foi muito generoso. A ânima do grupo, a vontade de alguns e a doação dos colegas foi fundamental para chegarmos ao resultado que agora alcançamos, e que corre num crescente. Foram várias as cenas fruto de trabalhos a fundo, de investigação e de criação, acredito inesgotável, que conseguiram atingir a emoção dos colegas e espectadores de modo intenso, profundo.

Acho, todavia, que nos percalços nos perdemos um pouco. Nos perdemos quando deixamos de ensaiar, quando chegamos atrasados, quando não levamos os objetos, quando não decoramos o texto, quando não estamos lá no Solar inteiros. Essas coisas que acontecem, claro, mas que aos poucos mínguam a energia do grupo. É importante que aprendamos que pequenos ‘’desleixos’’ são completamente dispensáveis ao teatro, ou melhor, são prejudiciais, e se permitirmos serão até destrutivos. Esse papo da Martha de nos tornarmos independentes é fundamental. Devemos ser agentes, co-autores do espetáculo e aproveitar a chance de criarmos sozinhos, o que é maravilhoso! E, quando nos comprometemos de verdade  “A COISA” acontece e brilha, porque acontece dentro de nós e irradia nos outros performers, e nos espectadores, e nas janelas, e portas de todo o Solar. É por isso que faço teatro, porque quando entro em cena, após muito ensaio, eu me sinto incendiar, me sinto agraciada, e aquilo é a única coisa que eu gostaria de fazer na vida. É preenchimento. Acho que pra mim é um ato de fé, de rendição, mas isso é outra história...

Por fim quero agradecer a todos. Minha gratidão aos colegas que me ensinam diariamente, que me recebem sempre com sorrisos e abraços, à Martha pela oportunidade de trabalho e pela doação amorosa ao projeto, e meu agradecimento a todos que se envolveram para além da cena, os que ficam nas coxias se empenhando para tudo acontecer e brilhar. Gratidão. E que venha dia 11 para mostrarmos o nosso melhor! 

EVOÉ!

Sob o olhar de Henrique Magalhães

Gostaria de compartilhar um desabafo com vocês ... Pois acredito que muitas mudanças de dentro de mim, partiu daqui .

Estou sentindo um novo Henrique dentro de mim.
Um Henrique mais responsável, mais determinado, mais bondoso, menos marrento, mais calmo e observador.
Vejo que observar é fundamental para absorver.
E necessário se livrar de algumas influencias, tomar cuidado com influencias, elas podem te levar para um abismo que é foda de sair.
Hoje eu não tenho gula.
Tenho ambição em aprender e compartilhar !
Eu sempre tive muito ódio dentro de mim ... Pelo mesmos motivos que você sente ódio. O planeta ta uma merda e não conseguia conviver.
Alguma coisa transformou esse ódio em amor, muito amor.
"AMAR SOBRE TODAS AS COISAS!"
minha MÃE me mostrou isso.
Não é religiosidade, é princípio!
Respeitar, admirar, ter afeto, reconhecer quem está perto, ser verdadeiro, ser uma pessoa íntegra!
Ter DIGNIDADE!!!
Amor não é só uma palavra!
Sejamos AMOR!
Acho que to crescendo ... Mesmo atrasado... já foi um pequeno grande passo !

Carta Aberta ao espectador entregue no MAC

O Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea, e a Universidade Federal Fluminense – Departamento de Arte

Apresentam

OS SEIS, PERFORMANCE ESTUDO I:
Os 7 buracos de nossa cabeça.
Direção artística Martha Ribeiro


A primeira intervenção urbana do projeto de pesquisa e extensão PIRANDELLO CONTEMPORÂNEO, que faz sua residência artística no Solar do Jambeiro, será no MAC, na galeria principal. Os performers invadem o MAC apresentando seus estudos e partituras desenvolvidos no Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea da UFF, coordenado pela pesquisadora Martha Ribeiro.

O que nos move? O QUE HÁ DE URGÊNCIA EM NÓS? Como nossos corpos vivenciam a experiência capital dos SEIS personagens de Pirandello? A experiência traumática do incesto?

O que os SEIS têm a nos revelar? O DESEJO BRUTAL de reviver na CARNE a memória de alguma coisa que aconteceu em algum lugar, em algum tempo. A vontade dos SEIS em materializar suas experiências, evoca a nossa própria existência, evoca tudo que há de humano em nós. 

29 de junho às 17h

Performers do Projeto:
Alex Kossak; Amanda Calabria; Anatália Catu; Augusto Fontes; Bruno Bento; Camila Marques; David Kondylopoulos; Gabriel Henriques; Giovana Adoracion; Henrique Magalhães; Jefferson Santos; Nathália Cantarino; Natália Marques; Thiago Piquet; Úrsula Bahiense; Yan Gabriel.

Equipe Técnica:
Ursula Bahiense – assistente de direção; Elisa Gouvea - assistente de arte; Rodrigo Souza e
Rodrigo SouzaAna Luiza Lacerda - assistentes de produção; Thiago Piquet e Renata Alves – coreografias. Vídeos: Marcela Amaral e Nosara Urcuyo

PROJETO REALIZADO COM O APOIO DO PROEXT - MEC/SESU.
Projeto de Extensão e Pesquisa da Universidade Federal Fluminense
Realização: UFF – IACS – LCICC – PROEX

Apoios: PREFEITURA DE NITERÓI – FAN - SOLAR DO JAMBEIRO


“A vida é um fluxo contínuo que nós procuramos deter” (Pirandello)


Carta Aberta aos Espectadores:

O que vocês irão assistir aqui, hoje, é um trabalho em Work in Progress
A performance OS SEIS, PERFORMANCE ESTUDO I: OS 7 BURACOS DE NOSSA CABEÇA, não tem a pretensão de ser uma obra acabada, ela nem mesmo é uma obra, ela é um convite estético para que todos que estão aqui comecem a acompanhar o que temos trabalhado no Projeto Pirandello Contemporâneo até agora. 

O que vocês irão assistir não é um espetáculo. O que vocês irão assistir não é o drama escrito por Pirandello, ainda que contenha fragmentos de seu texto. O que vocês irão assistir também não é uma improvisação, pois temos uma estrutura muito rígida para seguir. O que vocês irão assistir aqui no MAC continuará a ser trabalhado, a ser investigado. Vocês poderão ver hoje algumas das apropriações/intervenções que estamos fazendo sobre Os Seis de Pirandello no Laboratório de Criação, em sua Residência Artística no Solar do Jambeiro.  Mas será apenas uma célula.

Vocês poderão continuar a acompanhar esse trabalho de investigação, a seguir junto conosco esse trabalho em progresso e ver onde tudo isso vai dar. A natureza desse trabalho é um pouco diferente, como vocês poderão perceber, caso venham a nos acompanhar em nossa jornada.

Dada a natureza desse trabalho, convidamos todos aqui a continuarem conosco, visitando nossa casa em nossa próxima jornada – o Solar do Jambeiro, dias 11 e 18 de julho às 20h. Esse é nosso conselho para vocês aqui hoje, seguir junto conosco nessa investigação.

Dada a natureza deste trabalho, aconselhamos todos aqui a seguir Os Seis em cada nova etapa. Dada a natureza deste trabalho, esperamos ver cada um de vocês novamente. Dada a natureza deste trabalho, ver cada um de vocês novamente será como receber um amigo em nossa casa.

 


Evoé.

Os Seis, Performance Estudo I

O Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea apresentou:


OS SEIS, PERFORMANCE ESTUDO I Os 7 buracos de nossa cabeça


A primeira intervenção urbana do projeto de pesquisa e extensão PIRANDELLO CONTEMPORÂNEO coordenado pela pesquisadora Martha Ribeiro aconteceu neste sábado no MAC de Niterói, em sua galeria principal. Os performers invadiram o MAC apresentando seus estudos e partituras cênicas, baseados no texto "Seis Personagens à Procura de um Autor" de Luigi Pirandello.

O que nos move? O que há de urgência em nós? Como nossos corpos vivenciam a experiência capital dos SEIS personagens de Pirandello? A experiência traumática do incesto? O que os SEIS tem a nos revelar? 




A performance foi uma pequena demonstração do nosso estudo e também futuro espetáculo baseado no excelente trabalho desenvolvido ao longo de toda uma vida que foi o do autor Luigi Pirandello. Durante a terceira edição do evento "MAC como obra de arte", inspirados nas manifestações que estão acontecendo em todo Brasil, apresentamos um pouco do nosso teatro corporal e instigamos os espectadores com uma intervenção dentro da performance. Foi um tremendo sucesso logo na estreia onde até público emocionado tivemos.

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=YB5IcHQkJCE&feature=share




O jornal RJTV fez uma matéria sobre o evento e nós fomos entrevistados.

Confira a matéria aqui:

Performers:
Alex Kossak, Amanda Calabria, Anatália Catu, Augusto Fontes, Bruno Bento, Camila Marques, Henrique Magalhães, Jefferson Santos, Nathalia Cantarino, Natália Marques, Renata Alves, Thiago Piquet, Úrsula Bahiense, Yan Venturin.

Equipe Técnica:
Direção Artística: Martha Ribeiro 
Assistente de Arte: Elisa Gouvea 
Assistente de Produção: Ana Luiza Lacerda 
Coreografias: Thiago Piquet e Renata Alves 

Realização: 
Universidade Federal Fluminense 
Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea 
Instituto de Arte e Comunicação Social
PROEX

Apoio:
PROEXT - MEC/SESU

Para saber mais sobre o projeto acesse o site:http://www.pirandellocontemporaneo.uff.br/